segunda-feira, dezembro 04, 2006

Por que as noites de lua cheia têm essa magia? Esse encanto? As coisas mais simples se tornam as mais lindas muito facilmente...

Encontrei por acaso uma mensagem sua no meu celular. Aquela em que você dizia "... penso em você sempre. Tbm to com mt saudades de vc (...) pena q a gnt ta longe né?"

Ri sozinho.

Conversar com você da primeira vez foi tão difícil pra mim, nunca tinha ficado tímido ao conversar com nenhuma garota, mas com você foi diferente. Nem sei o por quê.

Mas conversei. E falei o que tive vontade. Nós nem nos conheciamos, mas ainda assim você entrou no clima. E isso foi o máximo.

Ficamos até de madrugada na varanda falando bobagens, lembra? E o vinho? Muito bom! Engraçado ninguém ter acordado com a nossa conversa.

Até que você me beijou. "Perfeito", você disse. Fiquei vermelho e sem graça. Mal sabia que você falava do vinho!

No outro dia fui te levar em casa. Sentamos na porta, conversamos um pouco, te beijei e saí. Enquanto eu andava você ainda gritou: "Não se esqueça!". Não me esqueci...

Senti muito a sua falta quando fui praí da última vez. Eu chegando e você saindo...

Passei pela praça e ela não tinha mais aquela árvore da foto. Fiquei meio nostálgico. Mas sei que quando eu for aí de novo vou te encontrar. Isso me anima.

A noite está bem clara aqui, estou ouvindo o disco que você mandou pelo correio no meu aniversário, junto com aquele cartãozinho.

É, noites de lua cheia me fazem sentir sua falta.

Engraçado, aquela também era uma noite de lua cheia. Coincidência?

domingo, dezembro 03, 2006

sábado, dezembro 02, 2006

Fragmentos desfragmentados de pensamentos e sentimentos (e de coração)

Por quê nossa vida nunca está como a gente quer?

As coisas nunca são boas o suficiente, as pessoas nunca te compreendem, ou compreendem demais, os filmes não são tão bons, as músicas não dizem o que você quer ouvir, ninguém mais te chama atenção. Fora aquela pessoa. E ela, claro, não está nem aí pra você...

Externar os sentimentos sempre foi um problema pra mim. Tento estar ótimo todos os dias mas, nunca estou, só finjo. E muita gente acredita. Muita gente pensa que eu tô bem.

Não estou.

As coisas acontecem na hora errada. Sempre.

Mas na verdade tinha que ser assim. Nós não sabemos porra nenhuma, tudo tem sua hora e tudo tem um porquê. Prefiro acreditar que isso seja verdade. Ou não há perspectiva alguma.

Eu penso nas oportunidades que perdi, diversas vezes. Na confiança que eu perdi de inúmeras pessoas, por futilidades. Penso nas chances que eu desperdicei de ser feliz.

Talvez a sede de ser feliz é o que me impede de ser feliz... Sei lá, a cobrança. O ideal deve ser deixar rolar. Deixar acontecer.

Ontem, quando eu olhava toda a cidade lá de cima eu fui feliz. Tudo acontecia no mundo.

Nascimentos, mortes, brigas, beijos, chuva, compras, trabalho, música... E eu lá de cima desligado de tudo isso, em paz, observando a vida acontecer. Naqueles dois minutos eu fui feliz.
Muito. Talvez por estar perto do céu. Ou por estar longe da terra. Tudo o que eu queria aquela hora era não ter peso, poder ser levado pelo vento pelo mundo todo, voar. Ver o mar, sentir o cheiro da paz, ver alguns ovnis, beber alguma coisa.

Aquele bilhetinho ainda estava no meu bolso e eu queria poder te dar um beijo.

Me ocorreu aquele seu olhar. Quando nos vimos pela primeira vez. Eu sabia que a gente ia se apaixonar, que tudo isso ia acontecer. Foi tudo tão perfeito, sua voz, seu jeito, a luz, o som.

Aquele momento passou em câmera lenta. Você não podia, eu não podia, mas ainda assim aconteceu. E foi pra sempre. É pra sempre. Você pode se envolver com quem você quiser, eu posso me envolver com quem eu quiser, mas você é minha e eu sou seu, pra sempre. Não interessa com quem eu esteja, você está comigo. E eu com você.

Lembrei-me de outro momento em que eu fui feliz.

Quando você estava aqui em casa, deitada na minha cama, e nós estávamos conversando. Eu alisava seu cabelo e você fazia carinho em minhas costas. (Suas costas)... A gente ouvia aquele mesmo cd... "Pra sempre", falei. Você: "O quê?".E eu: "Nada, nada. Esquece"... Bastava que eu soubesse... E eu sei.

É, todas as vezes que você deitou na minha cama eu fui feliz.

E todas as vezes que eu saí com você, e que eu conversei com você, e que eu falei com você pelo telefone, e todas as milhares de vezes em que eu vi a apresentação de slides, e quando eu simplesmente pensei em você...

Na verdade eu sou feliz demais, não sei se é sua culpa, ou minha, ou se não há culpa por eu ser feliz.

Só estou triste agora, nem sei por quê... Acho que estou com medo de te perder. Talvez o nosso "pra sempre" não dure pra sempre...

Não queria estar triste, mas estou. Por favor entenda...

terça-feira, setembro 12, 2006

quinta-feira, agosto 24, 2006

de vez em quando me envergonho de coisas que postei nesse blog

segunda-feira, agosto 21, 2006

sentidos

00:04, quarta-feira, 1997, 1º de Janeiro, Angra dos Reis, Brasil.

Eu a olhava com muito amor, com toda a paixão que cultivávamos há anos e anos, seu suor escorria pela face e fazia com que seu corpo brilhasse sob a luz da lua, demonstrando todo o esforço corporal feito com o intuito único de se alcançar o prazer pleno. Ela me olhava nos olhos, passando todo o seu sentimento para o fundo da minha alma, que vibrava em outro plano, muito superior àquele em que nos encontramos normalmente.

Nós ouvíamos um ao outro, ofegantes, gemendo de cansaço e prazer. Ouvíamos também os sons da cidade. Os fogos que explodiam, talvez em nossa homenagem. E uma música tocava para que tudo ficasse perfeito, era um cd comprado dias antes, como que sob medida para a ocasião.

O cheiro de nossos corpos espalhava-se por todo o quarto, mas mesmo assim eu podia sentir o aroma doce do vinho que tínhamos bebido momentos antes, e sentia também seu perfume, tão suave quanto as curvas de seu corpo. Um vapor quente e aconchegante tomou conta do ambiente, vindo da banheira que nos aguardava para daqui há alguns minutos.

Quando ela me beijou, senti o sabor de seus lábios misturado ao álcool que nos entorpecia. Beijei seu pescoço e pude sentir o gosto salgado que o amor causa à pele nos momentos cruciais da vida. Mas nem o suor conseguia apagar o gosto vermelho de seu corpo que fazia com que eu viajasse anos luz ao infinito e voltasse no mesmo instante, teletransportando-me ao paraíso a cada segundo.

Eu sentia todo o seu corpo. Sua barriga encostada na minha, seus lindos seios tocando de leve o meu peito, suas pernas enroscadas nas minhas, suas mãos percorriam todo o meu corpo, levando-me à loucura. Eu sentia que nós dois estávamos unidos muito mais do que fisicamente, éramos naquele momento um só ser, unidos perfeitamente, como no momento da criação. Era assim que Ele queria, a união perfeita de dois seres opostos, porém iguais, um necessário ao outro, completando-se, tornando-se divinos. Sentíamos todo o prazer que se pode sentir nessa vida, e explodimos num gozo que ecoou por todo o universo naquele instante, vibrando até hoje, em algum lugar muito longe dali.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Sim, agora o terror bate à sua porta, né?
E aí você aparece e diz que tá tudo uma merda, que a bandidagem rola solta, que devemos ter "mão firme" contra o crime organizado.
Interessante.
Eles sempre estiveram lá, acuando o povo, matando, roubando (não tanto quanto vocês, mas releve), e só agora, quando sua ferida é cutucada, quando entram em seu quintal é que você resolve acordar.
Vá à merda você!
Isso não passa de uma defesa de seus interesses pessoais, ninguém é otário, todo mundo sabe.
Quer saber a solução pra essa porcaria em que o mundo se transformou?
Recomeçar.
Não politicamente, mas fisicamente mesmo.
Explode essa merda toda e faz outra nova.
Outra o que? Outra Terra, ora...

segunda-feira, agosto 14, 2006

A violência está cada vez mais presente no nosso cotidiano, dizem os jornais. Mas a verdade é que ela sempre esteve presente, no íntimo de cada um e de formas diferentes. Eu sei a minha forma predileta: As vezes me vem aquele pensamentozinho pré-adolescente, médio-burguês muito do babaca: fugir!

Fugir de uma situação, de uma pessoa desagradável, de um certo dia do mês (ou semana...), fugir de um compromisso importantíssimo e inadiável, fugir de casa. Fugir da vida, em última hipótese. O suicídio sempre me pareceu uma atitude covarde e egoísta, mas sempre me tenta como um último ato de violência contra alguém. Eu mesmo, no caso. Um ato de violência pode parecer muito forte à vocês que lêem, mas é da essência do homem, inevitavelmente. Quem nunca proferiu palavras com a intenção de magoar e fazer mal a uma outra pessoa? Exemplo simples da maldade contida no sangue humano. Então fugir é uma atitude de violência...

O melhor mesmo é continuar encarando os fatos, as pessoas,os dias, os compromissos importantíssimos e inadiáveis de frente, assim como a vida. Para continuar fingindo que somos as criaturas de quem Deus se orgulha muito de ter criado. E por falar nisso: uma hora dessas Ele deve estar bêbado de desgosto, perguntando-se onde foi que estava com a cabeça, quando criou seres tão irracionais e poderosos ao mesmo tempo, para habitar a terra. Coitado.

domingo, julho 02, 2006

Ué! Acabou?

As cores da bandeira foram sumindo aos poucos da paisagem. As pessoas agora voltavam cabisbaixas para suas casas. Não se ouvia o barulho dos fogos, como há alguns minutos atrás. Uns choravam, outros se descabelavam, outros gritavam palavrões direcionados à mãe do técnico, enfim... O telão foi desligado, as cervejas foram esquentando sobre as mesas, os garçons ficavam encostados na parede, desolados. Adeus gorjeta.
Havia também um pessoal mais ligado ao que realmente interessa na vida, e esses prometiam beber até cair, para afogar as mágoas. Isso sim é maneira de expressar descontentamento!
Cumpriram a promessa e voltaram para casa bêbados, quase de manhã.
É mesmo muito triste ver a seleção ser eliminada nas quartas de final.
Muitos se recusavam a acreditar que o time estava fora do mundial. Dolorosa verdade.
É triste ver um país sul-americano eliminado desse tipo de competição.
Mas isso acontece mesmo. O jeito é se contentar em ter chegado até aqui.
E esse foi o inicio do fim da copa do mundo para nossos "hermanos" argentinos.
Sim! Você achou que eu estava falando do Brasil!? Não! É da Argentina mesmo, afinal de contas, tinha que haver algo de bom nessa triste história.

quarta-feira, junho 28, 2006

a passagem é só de ida. desconecte-se sem querer voltar. conecte-se sem medo de ficar.

terça-feira, junho 27, 2006

Abri a janela às 18:12. Ela estava lá fora, exatamente onde eu esperava. Impressionante!
Aquele sorriso brilhava como eu nunca havia visto antes e, mesmo no escuro, eu via toda a sua silhueta, todos seu detalhes, seu relevo, eu até podia vê-la por dentro. Aquele velho sentimento voltou. Como da primeira vez que a vi.
Na verdade não me lembro qual foi a primeira vez, mas sei de quando me dei conta dela, eu era bem novo, sei disso. Mas quem disse que há idade pra se sentir essas coisas?
Todos que a rodiavam naquele momento pareciam não passar de pequenos pontos luminosos, se é que não o eram mesmo. As luzes da cidade, já acesas àquela hora, serviam de cenário pra cena. Todo o universo conspirava pra que aquele momento fosse inesquecível. Mas talvez em cinco minutos eu poderia esquecer tudo, se eu estivesse lá, e não na janela.
Mas era impossível. Se era!
Entretanto, nossos sonhos são controlados por anjos loucos que dizem que tudo é possível. Então eu sonhava.
A música dizia naquele exato momento: "I wish you were here..."
Mistérios que não sabemos explicar, logo aquela música, naquele momento...
Você aqui é tão impossível quanto eu aí, falei pra ela apenas com os olhos, e eu sei que ela entendeu. E se não entendeu, o que importa é eu pensar que entendeu.
Continuei a admirá-la até que ela desapareceu entre os prédios.
Sempre fui apaixonado pela lua...

sexta-feira, junho 02, 2006

40 graus de febre. Meus olhos estão ardendo e essa dor de garganta está pra me matar. Entro no banho gelado. 38,5. Não melhorou muito. Que merda! Mas o pior de tudo não é isso.

Essa dor que aperta o peito é muito forte. Muito mais forte que qualquer dor física, e olha que eu já senti muitas dores carnais nessa vida. Esse choro preso aqui dentro, essa vontade de gritar, desabafar, isso machuca a alma.

Meu orgulho me impede de chorar. Machismo, talvez.

Na verdade eu devo estar precisando de um baseado, para aliviar a pressão do dia-a-dia, essa correria, esse maldito relógio. Mas toda vez que eu me drogo é a mesma coisa, na hora tudo some, tudo é belo, o barulho urbano entra nos meus ouvidos como se fosse música. Tudo é leve. Mas quando acaba a viagem, o peso volta ainda maior, a cabeça parece que não vai agüentar, e pode explodir a qualquer momento, jogando meus inúteis miolos por toda a sala. A empregada teria um trabalhão para limpar essa sujeira, imagine!

Talvez eu deva por em prática aquele velho plano. Jogar algumas coisas na mochila, passar na casa da minha garota, e ir viajar. Sem destino, inicialmente. Depois a gente via o que fazer. O litoral me parece um bom lugar.

Quer saber? Chega de loucuras. Vou jogar fora esse resto de uísque, apagar esse cigarro e ver se consigo dar uma estudada ainda hoje. Estou mesmo necessitando disso.



Acho que minha febre está muito alta, e eu tô delirando. Por isso saiu esse texto.
sejam compreensivos.

sexta-feira, maio 19, 2006

O momento mais estranho que eu presenciei foi um parto.
Não por se tratar de um momento mágico, quando a mãe põe no mundo um bebê. Nem pela criança, que sai do conforto do ventre, para ingressar num mundo tão sujo e horrível que todos nós conhecemos muito bem. Mas esse parto, especificamente, foi estranho devido a uma série de fatos, interligados, que o tornaram absurdo e até histórico, eu diria.
A mãe era conhecida na cidade. Principalmente pela população masculina. Ela era digamos, uma profissional da felicidade, fazedora do bem aos marmanjos, benfeitora dos amigos, “amiga-íntima-para-momentos-reservados”. Prostituta mesmo. E não era qualquer uma, não! Era daquelas de luxo, que cobravam uma fortuna, e faziam com que você não a esquecesse por um bom tempo. Alguns dos seus clientes chegavam a pedi-la em casamento, em vão. Mas esses eram zoados quando a galera se reunia para beber, merecidamente.
Seu nome era Candy, tinha seus vinte e cinco anos, cerca de 1,65 m de altura, loira, olhos cor-de-mel. Uma tetéia! Confesso que eu mesmo já havia me consultado com ela.
E então ela parou de prestar seus serviços. Todos ficamos muito preocupados. O que poderia ter acontecido com aquela bela moça? Foram meses de angústia, e várias horas sentados no Bar do Espeto foram gastas debatendo o fato. Até que o Gordo, que estava trabalhando no Hospital Municipal, a viu no pré-natal. Desde então, nos dedicamos arduamente a recolher informações a respeito de tal fato. Entretanto, o que tínhamos de dados naquele momento era o básico, apenas. Sabíamos que ela havia engravidado há oito meses e alguns dias, que ela estava cuidando de tudo sozinha, e que não se interessava em saber quem era o pai, nem o sexo do filho.
Foi nesse momento de apreensão, para saber se a criança nasceria com a cara de algum de nós, que o Carlão teve a brilhante idéia: “Por que não fazemos um bolão? Ganha quem acertar o sexo e o pai da criança!”
Era genial, por que não tínhamos pensado naquilo antes? Como foi o Carlão que teve a idéia mesmo, foi ele quem organizou tudo. Desde o recolhimento da verba até a preparação da tabelinha, feita no Power Point, que foi impressa e distribuída entre os participantes. Coisa de primeiro mundo.
Tirando a imensa ansiedade dos dias que antecederam o parto, tudo correu muito bem. O Gordo, inclusive, mexeu uns pauzinhos no hospital para que nós pudéssemos assistir ao nascimento.
Como havia passado a data limite do parto, o médico o agendou para uma sexta-feira, 20:00 horas, portanto não haveria futebol naquele dia, mas isso não era problema. Saímos dos nossos respectivos trabalhos diretamente pro hospital. O Fred até levou a filmadora da sua esposa, para que tudo ficasse registrado.
Paramos em frente àquela pequena janela de vidro voltada para o interior do quarto. A Candy ficou visivelmente constrangida com nossa presença, mas ela sabia que não havia nada que pudesse fazer para nos impedir de vê-la dar a luz.
Ela entrou em trabalho de parto precisamente às 20:04, o clima era de tensão total, entreolhávamos com receio. Foi quando o Gordo, que tinha pressão-alta, desmaiou e acabou caindo sobre um carrinho de metal cheio de instrumentos cirúrgicos. O Careca deu um grito ainda mais alto que o barulho causado pela queda. Uma enfermeira, espantada com o estardalhaço, saiu correndo, provavelmente para chamar a polícia. Uma senhora que passava pelo corredor agrediu o Márcio com uma bengala. Eu fui atingido por um saquinho de soro, vindo não se sabe de onde. E, pra completar a bagunça, no momento da saída do bebê, a Candy grita: “Puta que Pariu!!!”
“Pelo menos ela não está mentindo”, pensei.
É ou não é de se espantar? Eu e meus amigos nos espantamos, e muito!
Analisando a gravação alguns minutos mais tarde, lá em casa, chegamos a conclusão de que não dava pra afirmar quem era o pai com plena certeza. E que a melhor alternativa era gastar os R$750,00 com um churrasco, no dia seguinte. Assim todos nós ganhávamos. E foi um belo churrasco, aliás!





Ah! Já ia me esquecendo, era uma menina!









o título desse texto era pra ser "estranhice", mas achei muito estranho.

segunda-feira, maio 15, 2006

Um dia aqui
Esperando sair
Mover e mudar
Pra não mais chorar
De olhos fechados
Tentando enxergar
O que já não mais se vê
Está incorporado
Já faz parte de você
E num sono profundo
Permaneço a sonhar
Preciso de alguém
Pra me acordar
Despertar e fugir
Do castelo de ilusões
Que insiste em prender
Diversos corações
Meu silêncio faz barulho
E não me deixa ouvir
O que devo escutar
Pra não mais refletir?
Não adianta calar
Cansaço de fingir
É uma questão de adiar
Esse tal de "sentir"
Os olhos expõem
O que o coração tenta esconder
Fecho a mente
E me vem você



Por Bianca Maia

segunda-feira, maio 08, 2006

Só mais um domingo

Eu tava cansado de tudo aquilo...

Toda aquela gente, seus problemas, suas histórias, seus amores mal-resolvidos. E pra mim nada, nem uma ligação, nem uma preocupação, ninguém se importava, ninguém nunca se importa mesmo.

Mas eu queria que se importassem, que perguntassem, que ligassem. É, eu estava realmente muito solitário. E aquele sentimento só crescia dentro de mim, como uma bolha, que ia tomando conta de tudo.

Talvez eu estivesse cansado, havia trabalhado muito naquela semana. E domingo sempre batia uma “deprê”, mesmo.

Já estou me enganando de novo, é claro que eu não estava sentindo aquela solidão comum, eu estava muito pior, muito acabado.

Acho que aquilo era fruto da distância. Sim, a distância. Ela sempre era a culpada pelas bobagens cometidas, pelas palavras faladas sem pensar, pelos gritos inconseqüentes com aquelas pessoas que não tinham nada a ver com meus problemas.

Àquela altura eu não sabia mais se era dia ou era noite. O tempo passava de forma muito relativa. O rádio já não dava mais noticias, a televisão já não falava algo de útil (se é que ela já o fez), a internet nem para as futilidades me servia mais.

Foi quando eu me dei conta que estava ao telefone, não sabia se ele tinha tocado ou se eu havia ligado, mas isso não era importante. O fato é que eu estava no telefone, e ela também, do outro lado da linha. Eu não sabia se era sua voz de verdade, ou se eu imaginava tudo aquilo. E então ela ordenou que eu desligasse, e que não ligasse nunca mais. Era o fim. No fundo no fundo eu sabia que ele estava próximo, mas não poderia prever que seria tão próximo assim.

Agora sim eu estava no fundo do poço. E ele não era nada agradável se quer saber.

Se alguém me perguntasse o que acontece quando a gente morre, eu usaria aquele momento como exemplo. Era o nada, não havia luz, não havia sentimento, não havia som, não havia dor. Era somente o nada.

Não sei quantas horas se passaram até a campainha tocar, mas quando ela tocou senti uma esperança de que fosse ela, arrependida de tudo que me disse, dizendo que queria voltar a ser minha e que ela estava tão confusa quanto eu. Mas não era ela. “Melhor assim”, pensei. “Não vou ter que presenciar ela cortando as unhas dos pés outra vez”. Aquilo definitivamente me fazia muito mal...

Quem havia tocado a campainha era meu vizinho, ele veio me convidar para uma festinha na casa dele. Havia algumas mulheres e muitas bebidas. Era exatamente do que eu precisava. Embriaguei-me, dancei um pouco, conversei bastante e ainda encontrei uma garota disposta a transar mais tarde.

Finalmente tudo voltava ao normal.